Retail Media x Mídia Programática no Brasil. Oportunidade ou novo muro?

Retail Media x Mídia Programática no Brasil. Oportunidade ou novo muro?

Não é novidade: na publicidade digital, quem detém os dados detém o poder. E o que está se acelerando cada vez? Os que operam por trás dos muros — agora também varejistas — estão redesenhando o mercado.

O conceito de “walled gardens” deixou de ser exclusivo das big techs e se espalha via retail media networks (RMNs). No Brasil, essa mudança já é realidade e, para muitos anunciantes, inevitável.

O boom das redes de varejo como canais de mídia programática

O mercado global de retail media já é colossal e segue acelerando. Em 2024, o segmento movimentou cerca de US$ 150 bilhões, com expectativa de alcançar US$ 280 bilhões em 2027 (AppsFlyer).

No Brasil, o avanço é igualmente expressivo:

  • O mercado deve crescer de US$ 857,5 milhões em 2024 para US$ 1,376,5 milhões em 2030, com CAGR de 9,2% entre 2025 e 2030 (Grand View Research).
  • Brasil e México lideram os investimentos regionais, que devem triplicar até 2028 (AméricasMI).
  • Em 2024, o retail media brasileiro cresceu 45,8%, enquanto o digital geral subiu 12,1%, totalizando US$ 8,68 bilhões (eMarketer).

Quem está construindo esses muros no Brasil?

As RMNs já fazem parte do mix de mídia de grandes anunciantes:

  • Magalu Ads
  • Mercado Ads (Mercado Livre)
  • Americanas Advertising
  • Casas Bahia Ads

Essas redes entregam aos anunciantes dados proprietários de alta qualidade, acesso direto ao momento de compra e formatos integrados à jornada do consumidor.

Vantagens — e riscos estratégicos

As RMNs oferecem vantagens claras:

  • Dados de primeira parte detalhados.
  • Conversão no ponto de venda.
  • Menos dependência de cookies ou dados terceiros.

Mas o custo dessa eficiência é real:

  • Fragmentação de métricas — cada rede fala sua própria “língua”.
  • Visibilidade limitada — relatórios proprietários, nem sempre auditáveis.
  • Gestão mais complexa, especialmente quando múltiplas RMNs operam em paralelo.

O Brasil no contexto global

O crescimento das RMNs é parte de um fenômeno global que reposiciona o varejo como protagonista no digital.

Cenário internacional:

  • eMarketer: retail media global em US$ 140 bilhões em 2024 e US$ 176 bilhões em 2025 (23% do digital).
  • GroupM: potencial para US$ 1 trilhão até 2028, expandindo para além do varejo.

Principais players:

  • EUA: Amazon Ads (>37% do mercado), Walmart Connect, Kroger Precision Marketing, Instacart Ads.
  • Europa: Carrefour Links (França), Tesco Media & Insight (Reino Unido), Sainsbury’s Nectar360.
  • Ásia: Alibaba e JD.com (China), Reliance Retail e Flipkart (Índia).

Tendências globais que chegam ao Brasil:

  1. Integração omnichannel (e-commerce + loja física).
  2. Expansão para turismo, telecom e serviços financeiros.
  3. Uso intenso de IA para otimização.
  4. Data Clean Rooms para colaboração segura de dados.

Desafios comuns:

  • Falta de padronização de métricas.
  • Fragmentação crescente.
  • Transparência limitada.

Cases internacionais que valem atenção

Walmart Connect (EUA): campanhas de FMCG integrando anúncios no e-commerce, DOOH em lojas físicas e mídia de receita compartilhada para fabricantes.

Carrefour Links (Europa): uso de data clean rooms para cruzar dados de compra com informações de anunciantes, mantendo conformidade com GDPR.

Alibaba (China): integração entre retail media, social commerce e pagamentos digitais no ecossistema Alipay.

Esses modelos mostram que a força das RMNs está não apenas nos dados, mas na capacidade de criar ecossistemas fechados com múltiplos pontos de contato.

O dilema da estratégia multimuro para a mídia programática

O avanço das RMNs reduz a hegemonia das big techs, mas aumenta a complexidade da gestão de mídia, especialmente da mídia programática. Mais canais significam mais pontos cegos — e maior dependência de dados fornecidos pelo próprio canal.

O eMarketer já aponta queda na participação das big techs no programmatic, algo inédito desde 2017. Mas, para o anunciante, o desafio não é só “onde investir”, e sim como integrar e comparar resultados entre ecossistemas fechados.

Regulamentação e privacidade

O avanço das RMNs também esbarra em discussões regulatórias:

  • No Brasil, a LGPD impõe restrições à coleta e compartilhamento de dados, exigindo consentimento claro.
  • Na Europa, o GDPR influencia a estrutura de data clean rooms e a forma como varejistas monetizam dados.
  • Nos EUA, a ausência de uma lei federal unificada gera debates sobre transparência e auditoria.

Para anunciantes, entender o impacto regulatório é essencial para evitar riscos de compliance.

Ganhos concretos com retail media + governança estratégica

Boas práticas que já mostram resultados:

  • Data Clean Rooms: no Brasil, 88% dos anunciantes reportam melhoria no ROAS com a adoção (AppsFlyer).
  • Métricas avançadas: share of wallet, penetração, retenção.
  • Orquestração multicanal: centralizar dados de diferentes RMNs em plataformas independentes.
  • Testes incrementais: medir impacto real versus performance aparente.

O papel do gestor sênior

O líder de marketing precisa garantir que cada canal cumpra um papel estratégico e que dados de diferentes redes sejam auditados e analisados sob um mesmo padrão. Mais que aprovar relatórios de mídia programática, é preciso questionar, pivotar e proteger o investimento.

Conclusão: o que os muros nos obrigam a aprender

Os muros digitais, agora erguidos também pelo varejo, vieram para ficar. Mas podem ser trampolins estratégicos — se o anunciante souber o que medir, o que negociar e o que levar consigo.

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