Sua marca é vítima de sequestro de anúncios? Os sinais que você precisa observar (e como agir)

Sua marca é vítima de sequestro de anúncios? Os sinais que você precisa observar (e como agir)

No artigo anterior da Click Alert — Sequestro de anúncios: quando até seus próprios cliques são roubados — mostramos como o ad hijacking se tornou uma das formas mais sofisticadas de fraude digital. Ali exploramos o impacto direto: perda de tráfego qualificado, inflação de CPC, dados contaminados e risco reputacional.

Agora, avançamos um passo além: como identificar se sua marca já está sendo vítima dessa prática? Porque se há algo pior do que perder investimento, é perder investimento sem sequer perceber.

O sequestro invisível

O grande trunfo dos fraudadores não é a criatividade, mas a invisibilidade. Eles sabem que as equipes de marketing não conseguem auditar todos os anúncios, em todas as regiões, 24 horas por dia. Por isso recorrem a técnicas que dificultam a detecção:

  • Geo-targeting: os anúncios só aparecem em determinadas cidades ou países. Se sua equipe não está lá, não vê.
  • Dayparting: campanhas fraudulentas são ativadas em horários “mortos” — madrugada, fins de semana, feriados.
  • Cloaking: uma versão “limpa” do anúncio é mostrada às plataformas para aprovação, mas o usuário real vê outra.
  • Plataformas secundárias: enquanto o foco está em Google e Meta, os hijackers operam no Bing ou em buscadores menores, onde as regras são mais frouxas.

    Essa engenharia da invisibilidade explica por que tantas empresas continuam acreditando que “está tudo bem” quando, na verdade, parte do tráfego já foi sequestrada.

Três sinais de alerta que não podem ser ignorados

Embora os fraudadores façam de tudo para se esconder, há padrões que funcionam como pegadas digitais. São indícios que merecem investigação imediata:

  1. Picos suspeitos de tráfego e conversões vindos de afiliados pouco conhecidos.
    – De repente, um parceiro desconhecido começa a gerar conversões consistentes. Não há histórico de brand awareness para justificar o resultado, mas os relatórios mostram um crescimento “milagroso”.
  2. Taxas de conversão quase idênticas entre campanhas oficiais e afiliados.
    – Se a taxa de conversão do afiliado é praticamente a mesma do seu tráfego de busca paga, isso é um red flag. O mais provável é que o afiliado esteja “copiando” o tráfego que já seria seu, em vez de trazer novos clientes.
  3. Redução repentina de impressões e cliques nos anúncios da marca.
    – Motores de busca não permitem que dois anúncios com a mesma URL sejam exibidos ao mesmo tempo. Ou seja: se um hijacker publica um anúncio idêntico ao seu, o seu pode simplesmente deixar de aparecer — e você só percebe ao notar queda no impression share.

    Esses três sinais, isolados, podem passar despercebidos. Mas juntos, formam um padrão claro de alerta.

O que fazer quando há suspeita de hijacking

Detectar é só o primeiro passo. O verdadeiro desafio está em responder de forma eficaz, combinando medidas técnicas, contratuais e jurídicas.

  1. Blindagem contratual
    Programas de afiliados precisam de regras claras sobre brand bidding e uso de marca. Cláusulas específicas devem prever penalidades, exclusão imediata e responsabilização por prejuízos. Não adianta ter parceiros comerciais sem uma política de compliance rigorosa.
  2. Monitoramento contínuo
    Ferramentas de auditoria automatizada são fundamentais para expor fraudes que não aparecem em verificações manuais. Plataformas como Bluepear, BrandVerity e soluções de inteligência próprias (como as da Click Alert) simulam buscas em diferentes regiões, horários e dispositivos para flagrar violações invisíveis.
  3. Auditorias independentes
    Confiar apenas nos relatórios das plataformas é insuficiente. É preciso confrontar os dados de mídia com métricas independentes para identificar anomalias em CPC, CTR e impressões.
  4. Coleta de provas
    Sempre documente: capturas de tela, URLs de redirecionamento, IDs de afiliados, datas e horários. Esses registros são essenciais para acionar legalmente afiliados desonestos ou até concorrentes que imitam sua marca.
  5. Ação jurídica quando necessário
    Se o caso envolve uso de marca registrada, há base legal clara para ações de concorrência desleal ou infração de trademark. Se o redirecionamento leva a sites fraudulentos ou de phishing, entra-se no campo do crime digital.

Quando o dado mente

O maior risco do sequestro de anúncios não é apenas o orçamento drenado. É o fato de que ele contamina a verdade estatística que sustenta sua estratégia.

Um CPC artificialmente inflado pode levar a cortes no canal certo. Conversões indevidas atribuídas a afiliados podem esconder falhas no funil real. Relatórios “verdes” podem dar a falsa sensação de que tudo está funcionando — quando, na prática, você está apenas financiando a fraude.

É o que especialistas chamam de false sense of performance: números que parecem confiáveis, mas que refletem o sucesso de um fraudador, não da sua campanha.


O que líderes de marketing precisam entender

Para um profissional sênior, a lição é simples, mas exige disciplina:

  • Não delegue cegamente à plataforma o controle sobre seus relatórios.
  • Questione métricas que parecem boas demais.
  • Trate a auditoria de mídia como parte da governança corporativa, não como detalhe técnico.

    Num cenário em que até gigantes globais como Nike, Expedia ou grandes bancos já foram vítimas de ad hijacking, acreditar que “isso não acontece comigo” é abrir mão do controle.

Conclusão:

O sequestro de anúncios é traiçoeiro justamente porque não rouba só tráfego — rouba clareza. Se os relatórios deixam de representar a realidade, toda a estratégia fica comprometida.

Para não ser refém desse jogo, marcas precisam combinar tecnologia de monitoramento, blindagem contratual e cultura de auditoria.

E esse é apenas o segundo capítulo. No artigo anterior exploramos como funciona o ad hijacking e por que ele se tornou um problema bilionário. Neste, mostramos como identificar e reagir. Porque proteger seu tráfego não é só defender orçamento: é preservar a integridade das decisões que guiam sua marca.

Fale com a Click Alert clicando aqui, peça um diagnóstico gratuito e assuma o controle da sua estratégia.

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